terça-feira, 3 de abril de 2012

do amor para sempre




quando era miúda ficava impressionada com os casais jovens. a alegria que eles transmitiam no olhar, o dar as mãos tão natural, os beijos na rua, não olhando a meios ou locais para expressar o calor que dentro deles eu sentia que ia. as caras frescas e lindas. sem imperfeições. ela magra e ele alto e tonificado. os cabelos brilhantes, as unhas pintadas, a barba por fazer, o estilo dela - sereno e impassível - e o dele - descontraído e, ao mesmo tempo, quase que propositado, empenhado.
mas fui crescendo e percebi que tudo isso a que eu dava tanto valor, parecia falso.
a maior parte de nós, jovens, sabe lá o que é estar com alguém. melhor dizendo, eles sabem o que é estar com alguém. só não tiveram tempo de perceber o que realmente significa amar alguém o suficiente para que tanto a alegria como a vontade de ficar com a mesma pessoa durante o resto da vida, não os abandonem, ao fim de duas semanas ou três.
não estou, claro está, a dizer que sei mais do que o resto da minha geração, ou que sei mais do que todos aqueles que pela minha situação já passaram sabiam, na altura.
mas o tempo passou e aquela devoção que tinha aos casais jovens - especialmente àqueles que se iriam casar em breve, que, para mim, estavam a chegar à parte "e viveram felizes para sempre" da sua história - acabou também por dar de si.

quando olho o mais fundo de mim, cá por dentro, a única parte que está fechada e raramente vê a luz do dia diz-me que, razão para ficar impressionada, são os casais mais velhos.
esses que passaram todas as fases e a quem só falta saber o sabor da perda e da morte. esses que se mantiveram fieis a um companheiro de viagem e que, muitas vezes, não chegaram a conhecer qualquer outra oportunidade - porque até nem queriam.
 esses, que ainda guardam a alegria no olhar, mesmo depois de trinta, quarenta ou cinquenta anos juntos. que, às vezes - só às vezes - ainda dão as mãos, sem que ninguém veja e, sem que ninguém veja ainda se beijam e se amam como da primeira vez. os casais maduros, que conhecem as suas imperfeições e aprenderam a aceitá-las e a amá-las. os dois baixos e corcovados. já não mais na melhor forma. os cabelos brancos, às vezes inexistentes. ainda as unhas pintadas, ainda a barba por fazer. o estilo dos dois, fundido num só - aquele de quem já viveu tanto e tanto tem para contar ao mundo.
e, quanto mais cresço, quando mais vivo - em pequenas quantidades, claro está - quanto mais aprendo, mais valor lhes dou.
desejo cada vez mais aprender a envelhecer com ele.
cumprir os votos.
fazer valer a promessa que lhe faço, a cada "amo-te" que lhe digo.




1 comentário:

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Ninna (: