terça-feira, 2 de outubro de 2012

para sempre .

no dia a seguir a fazer quatro anos, um amiga da minha mãe levou-me, com muita alegria ao apartamento dela. disse-me ela que era a minha prenda de aniversário, mas que eu só a poderia levar dali a uns tempos, porque ainda não estava completamente pronta.
eu, toda entusiasmada, e sem fazer a mínima ideia do que seria, já pulava de alegria. mal esperava  que se seguia.
quando abriu a porta percebi logo. a sala estava cheia de cachorrinhos bebés. eram imensos! ela disse-me para escolher o que eu quisesse, que era meu.
ao início e mal pus os pés dentro daquela casa, um macho bebé muito muito pequenino, começou logo a andar atrás de mim. era castanho escuro e andava sempre de volta de mim, com a cauda sempre a abanar de felicidade.
mas a minha mãe disse-me logo que não queria machos, que preferia uma fêmea e que, por isso, eu tinha de escolher outro.
só me lembro de procurar por toda a casa pela cadelinha perfeita. e de a encontrar a mamar, muito sossegada. literalmente roubei-a da mãe, peguei nela e disse: é esta! - foi amor à primeira vista.
a Tucha, assim decidimos chamar-lhe (que foi, estávamos no final dos anos noventa!) foi, desde sempre a minha compenheira. era eu quem a passeava, era eu quem lhe dava banho e quem lhe ia dar de comer. até a treinei e ensinei-a a sentar-se e a deitar à minha ordem.

mas os anos passaram e o meu tempo foi ficando cada vez menor.

a Tucha, foi envelhecendo cada vez mais e eu sabia-o. todos os dias, enquanto estudava em casa da minha avó pensava que a devia levar a passear - ela ficava sempre tão feliz quando a levava a passear, toda histérica e, na maior parte das vezes, passeava-nos mais a nós que nós a ela. mas precisava sempre de estudar e, desde o último mês, quando ela começou a mostrar verdadeiramente sinais de velhice e cansaço, nunca mais a levei a passear. não fui sequer à beira dela, não a abracei, nem deixei que me lambesse a cara toda. limitei-me a estudar.

hoje a Tucha morreu. a minha avó diz que morreu de saudades do gato com quem sempre partilhou casa, mas que, também de velhice, morreu no início do verão. eles faziam tudo juntos - incluindo dormir - e parece que foi demais para ela.
estou a conter o choro de desgosto e desilusão para comigo mesma, mas julgo que esta noite não vai haver soninho para ninguém.

honestamente, gostava de ter sido mais dona dela do que fui. ela, a minha companheira de sempre, merecia mais.

talvez um dia escreva qualquer coisa digna dos momentos que tivemos juntas, hoje não sou capaz de mais. 

4 comentários:

  1. Tu estás capaz de chorar, eu já choro. Histórias destas lembram-me sempre o Pop, o meu cão durante 14 anos. A minha mãe ligou-me a dizer que ele estava a morrer e eu conduzi que nem uma doida ao longo de 40 km a chorar compulsivamente mas cheguei a tempo de lhe dizer adeus. Fiz-lhe uma festinha, ele abanou a cauda de olhinhos fechados e depois de todos nós (pais e 5 irmãos) nos termos despedido lá faleceu. Admito que chorei mais por ele do que por qualquer pessoa que já me tenha falecido. Foi um bom amigo. Já lá vão dois anos e ainda choro a pensar na morte dele. Os animais são mesmo os nossos melhores amigos. Força.

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  2. Os animais são os nossos melhores amigos. Não te sintas culpada e muita força (:

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  3. Acho que a sensação de que podíamos ter sido melhores sempre vai existir, independente de como fomos, porque o amor que eles nos dedicam é tal que não há justa correspondência.
    Abraço!

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A tua opinião conta, e eu conto com ela,

Ninna (: