eu, toda entusiasmada, e sem fazer a mínima ideia do que seria, já pulava de alegria. mal esperava que se seguia.
quando abriu a porta percebi logo. a sala estava cheia de cachorrinhos bebés. eram imensos! ela disse-me para escolher o que eu quisesse, que era meu.
ao início e mal pus os pés dentro daquela casa, um macho bebé muito muito pequenino, começou logo a andar atrás de mim. era castanho escuro e andava sempre de volta de mim, com a cauda sempre a abanar de felicidade.
mas a minha mãe disse-me logo que não queria machos, que preferia uma fêmea e que, por isso, eu tinha de escolher outro.
só me lembro de procurar por toda a casa pela cadelinha perfeita. e de a encontrar a mamar, muito sossegada. literalmente roubei-a da mãe, peguei nela e disse: é esta! - foi amor à primeira vista.
a Tucha, assim decidimos chamar-lhe (que foi, estávamos no final dos anos noventa!) foi, desde sempre a minha compenheira. era eu quem a passeava, era eu quem lhe dava banho e quem lhe ia dar de comer. até a treinei e ensinei-a a sentar-se e a deitar à minha ordem.
mas os anos passaram e o meu tempo foi ficando cada vez menor.
a Tucha, foi envelhecendo cada vez mais e eu sabia-o. todos os dias, enquanto estudava em casa da minha avó pensava que a devia levar a passear - ela ficava sempre tão feliz quando a levava a passear, toda histérica e, na maior parte das vezes, passeava-nos mais a nós que nós a ela. mas precisava sempre de estudar e, desde o último mês, quando ela começou a mostrar verdadeiramente sinais de velhice e cansaço, nunca mais a levei a passear. não fui sequer à beira dela, não a abracei, nem deixei que me lambesse a cara toda. limitei-me a estudar.
hoje a Tucha morreu. a minha avó diz que morreu de saudades do gato com quem sempre partilhou casa, mas que, também de velhice, morreu no início do verão. eles faziam tudo juntos - incluindo dormir - e parece que foi demais para ela.
estou a conter o choro de desgosto e desilusão para comigo mesma, mas julgo que esta noite não vai haver soninho para ninguém.
honestamente, gostava de ter sido mais dona dela do que fui. ela, a minha companheira de sempre, merecia mais.
talvez um dia escreva qualquer coisa digna dos momentos que tivemos juntas, hoje não sou capaz de mais.
Tu estás capaz de chorar, eu já choro. Histórias destas lembram-me sempre o Pop, o meu cão durante 14 anos. A minha mãe ligou-me a dizer que ele estava a morrer e eu conduzi que nem uma doida ao longo de 40 km a chorar compulsivamente mas cheguei a tempo de lhe dizer adeus. Fiz-lhe uma festinha, ele abanou a cauda de olhinhos fechados e depois de todos nós (pais e 5 irmãos) nos termos despedido lá faleceu. Admito que chorei mais por ele do que por qualquer pessoa que já me tenha falecido. Foi um bom amigo. Já lá vão dois anos e ainda choro a pensar na morte dele. Os animais são mesmo os nossos melhores amigos. Força.
ResponderEliminaroh tadinha...
ResponderEliminarOs animais são os nossos melhores amigos. Não te sintas culpada e muita força (:
ResponderEliminarAcho que a sensação de que podíamos ter sido melhores sempre vai existir, independente de como fomos, porque o amor que eles nos dedicam é tal que não há justa correspondência.
ResponderEliminarAbraço!