quinta-feira, 3 de maio de 2012

coisas que me inspiraram

vou contar-vos uma história que me contaram hoje, numa palestra sobre o respeito necessário para com todas as pessoas, a propósito do comércio justo. o texto é grande, mas com certeza não será difícil de ler. 





nos anos setenta, uma professora de meninos de dez anos decidiu chegar à sala de aula, um dia, e dizer-lhes assim, com ar muito sério:
 - meninos, tenho aqui um decreto lei vindo da américa. e neste decreto lei diz que os meninos de olhos castanhos não são tão inteligentes como os que têm olhos claros e, como tal, tenho de lhes pôr uma coleira, para que se possam distinguir dos outros.
e assim o fez, colocou a coleira nos alunos de olhos castanhos e deixou todos os meninos ir ao intervalo.
sabem o que é que aconteceu no intervalo? ora pois claro, houve porrada entre todos os meninos, uns porque se gabaram de ser os mais inteligentes, outros - e estes em maior número, claro está, porque estamos em portugal onde a cor de olhos predominante é o castanho - porque não gostaram de ser humilhados pelos colegas.
no dia seguinte a professora deu um teste, que todos os meninos fizeram.
sabem quem teve melhores notas?
aqui devo dizer-vos que a plateia onde eu me incluia que estava a assistir à palestra, respondeu quase unanimamente:
- os meninos de olhos castanhos tiveram melhores notas.
ao que o orador respondeu:
- pois é, vocês, como eu, responderam com o coração. quiseram fazer justiça para com aqueles que foram humilhados (já para não falar que a maioria de vocês têm olhos castanhos e não ia gostar de se sentir assim). o problema é que quem tirou melhores notas foram os meninos de olhos claros.
porque assim que marcamos alguém negativamente, essa pessoa vai ter menos alento para fazer algo de positivo. a maioria dos meninos de olhos castanhos nem sequer se esforçou para tirar uma boa nota, porque, segundo o decreto lei, eles não eram tão capazes como os outros, de olhos claros.
mas nós todos sabemos que isso é mentira, não é? a cor dos olhos não determina a inteligência das pessoas. e, como tal, a professora teve de desfazer o problema.
passados uns dias, chegou à sala de mãos na cabeça, com um ar muito assustado e arrependido e disse:
- meninos, eu fiz uma grande asneira. perdoem-me! é que eu percebi mal o decreto lei. os meninos mais inteligentes são os que têm olhos castanhos. os meninos de olhos claros são menos capazes.
dito isto, retirou as coleiras aos meninos de olhos castanhos e colocou-as nos meninos de olhos claros.
quando foram para o intervalo, sabem o que aconteceu?
pois é, houve mais uma vez porrada. porque os meninos de olhos castanhos vingaram-se dos colegas que os tinham humilhado.
e sabem que mais? no dia seguinte, quando a professora voltou a entregar testes, os meninos de olhos castanhos tiraram melhores resultados que os de olhos claros.

isto tudo, para dizer que somos todos iguais,e tanto para o bem, como para o mal. sejamos nós de que cor formos. havemos sempre de tentar magoar quem nos magoou, e exultar quem nos quer bem. a maioria funciona assim.

e, é claro, o mundo funciona por maiorias. mas todas essas maiorias, começaram, um dia, por uma minoria que teve de se afirmar.

saibam vocês que as expressões que mais 
vos agradarem neste texto são da autoria,
com quase toda a certeza, de um senhor que
a minha professora de filosofia teve a bondade
de trazer à minha escola, hoje, para fazer uma palestra sobre
comércio justo.

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