sábado, 23 de abril de 2011

vai dar de beber ao sol



lembro-me de quando escrevia muito. de tardes inteiras com o caderno e a caneta nas mãos, noites a fio em frente ao computador. crónicas que saiam depressa, fluídas e sentidas.
lembro-me de quando me elogiavam por aquilo que escrevia. de quando quis de verdade escrever para sempre.

mas é difícil. as palavras ajudam-nos a ultrapassar fases muito difíceis, as palavras ajudam-nos a compreender mais do mundo, das pessoas, de nós. mas as palavras não duram em nós para sempre, se de vez em quando preferirmos outras coisas a elas. eu cometi o erro de preferir tudo, às palavras. deixei de escrever todos os dias para passar a escrever só quando estou muito mal.

aqueles textos bonitos, aqueles textos meus, estão gravados mas por mais que tente, não se repetem. receio que nunca mais se repitam. receio deixar de querer escrever, deixar de querer escrever de verdade. tenho medo de cair em esquecimento, de mal-formar frases, de não conseguir usar metáforas. tenho medo de deixar morrer o bichinho da escrita que vive dentro do meu sangue.

e sabem que mais? a culpa é de inspiração. fugiu e não voltou. fugiu e não deixou rasto. haja alguém que lhe diga que tenho saudades delas. haja alguém que lhe diga que ainda a quero, ainda a amo, ainda preciso dela. façam isso, que eu vou dar de beber ao sol.

1 comentário:

A tua opinião conta, e eu conto com ela,

Ninna (: