sexta-feira, 1 de abril de 2011

o amor é um lugar estranho

   

Todos os dias, talvez a todos os minutos, milhares de pessoas se apaixonam. Rapazes, raparigas, cavalheiros, senhoras, novos e velhos; todos os dias, muitos deles reparam que o seu coração está a bater mais depressa e até as crianças conhecem alguém de quem gostam muito. De todos eles, acredito que 50% percebem que a pessoa por quem o seu coração bate, não está para aí virada e o coração dela não bate da mesma maneira. Então, todos os dias, talvez a todos os minutos, um coração é desfeito, milhares deles em milhões de pedacinhos, milhares de lágrimas são choradas e muita, tanta gente deixa de acreditar no amor.
     Claro que também há um outro lado. Muitos desses que viram o seu coração ser desfeito em minúsculas partículas, levantam-se, sorriem e (re)começam a caminhar, na esperança que da próxima vez o amor seja retribuído e possam viver felizes.
Quem sabe, "felizes para sempre".
     Toda a minha vida, tenho lido, visto, vivenciado magníficas histórias de amor. Histórias de um amor para sempre. Tenho reparado, em alguma circunstâncias, que daqueles 50% que vêem o seu amor ser correspondido, um casal acaba por sentir aquela coisa e sabe que será mesmo para sempre.
     Eu nunca senti isso. Também, sim, é verdade, sou nova. Mas o facto é que nunca senti que aquele amor tinha realmente pernas para andar, quanto mais para ser para sempre. Ou por outra, nunca antes tinha sentido que o amor tinha pernas para andar. Até agora.
     Ele lutou por mim. Dei-lhe tanto, mas tanto trabalho. Mas ele for persistente. Lutou, foi à guerra por mim. E venceu. Depois, tivemos de lutar juntos. Foi difícil, sim, foi. Deu-nos dores de cabeça, sim, deu. Mas lutámos por nós. E ganhámos. E éramos tão, mas tão coesos na maneira de ser, agir, pensar juntos. Como um boa e verdadeira equipa.
     Mas de boas e verdadeiras equipas está esse mundo cheio. De histórias de amor, de promessas de um para sempre, tantas e tantas vezes quebradas. De casais que se unem e mais tarde se divorciam. De namoros maravilhosos que terminam em lágrimas, desespero... arrependimento. De amor verdadeiro que vai e vem, por este e aquele. Nada é eterno, e tudo se renova. Mas, caramba, o amor deveria ser eterno! O amor, quando sentido e querido pelas duas partes deveria ser para sempre.
     Os românticos gostam de dizer que sim, de verdade, o amor é para sempre. Eu já fui romântica. Já acreditei que, um dia, num cavalo branco, o meu príncipe encantado iria chegar, olhinho azul, morenaço, com aquele toque be italian  que eu tanto gosto. A barba por fazer, o cabelo rebelde, o sorriso perfeito. Sim... Eu já fui romântica. Mas também já fui solteira e absolutamente feliz, em termos amorosos. Porque, onde a paixão não existe, é-se feliz, despreocupado, solto e livre, qual passarinho branco que voa para onde quer.
     Neste momento, a realidade - minha e do Mundo - é uma terrível falta de crença no amor. Seja de que modo for, para onde quer que olhemos, há falta de amor. Há guerra, fome, mortes, atentados terroristas, política e corrupção. Há A Crise, há crises - dos 40, dos 7 anos, seja do que for. No meu caso, há ansiedade, falta daqueles carinhos, daqueles beijos, daqueles momentos passados a dois e que, cada vez mais, parecem não se repetir. No meu caso, no caso de tantas outras mulheres, há a ideia de se amar um homem que parece já ter deixado de amar há muito e, no entanto, de vez em quando, parece amar cada vez mais. No nosso caso, há a esperança de que se vá recompor tudo e, no entanto, aquele monstro que se apodera de nós e teima em querer fazer-nos ver, ou simplesmente pensar, que já não vale a pena, já não há nada a fazer. Acabou tudo.
     O amor, é de facto, um lugar estranho. Por vezes escuro e barulhento. Outras vezes calmo e iluminado. Amor, sem amor não se vivia e, no entanto, parece ser tão fácil pensar em viver sem ele. Sem o seu conforto. Sem os seus ataques dramáticos e ciumentos. Sem o seu abraço. Sem o seu orgulho. Sem a sua voz, o seu sorriso. O seu amor.

1 comentário:

A tua opinião conta, e eu conto com ela,

Ninna (: