quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Tua Boneca de Cristal



Sou tua.
Sabes bem disso, e gostas de te elevar aos céus, orgulhoso desse facto. Usas, abusas, deitas fora, e faze-lo como uma dança que não te cansas de repetir, sem nenhuma alteração de movimentos, sem nenhum desaguar de emoções diferente dos demais. Na tua maneira de amar, amor, por vezes, torno-me frágil, qual boneca de cristal que gostas de atirar ao ar e remexer entre os dedos a uma velocidade astronómica. Esse é o teu talento, conseguires transformar-me por completo, sem que eu saiba, sem que me aperceba, sem que eu tenha reacção. E por vezes, nesse teu ser pouco amador, meu amor, deixas-me desamparada e eu caio e desfaço-me em pedaços.
E no auge da minha vergonha, da minha humilhação, foges e deixas-me só. Foges e abandonas-me. Foges e descoloras todo o meu mundo cor-de-rosa brilhante às riscas azuis-bebé. Toda a minha paixão por ti, amor, desaparece, então. E sozinha no meu mundo descolorado, sinto que morro cada vez que te vais embora.
Até que um dia, passados muitos, muitos dias, voltas em força. Abraças-me, beijas-me, fazes sentir que me amas, que me queres, que precisas de mim. Fazes-me sentir mulher, fazes-me sentir menina. Atiras-me ao ar, uma, duas, três vezes e usas e abusas de mim. Dás duas piruetas, enlaçado no meu cabelo. Actuas e sorris, e dizes que me amas, abraças-te a mim e deixas-te cair, ao de leve, no chão duro e frio.
Ouve-se um estrondo, mil estalinhos seguidos de três segundos de silêncio.

Sabes bem que sou tua e que é teu o meu amor. E sabes também o quão frágil me sinto perto de ti. Mas sabes, e eu sei que no fundo do meu amor está lá o teu, para me amparar a queda. Está lá o teu, para me fazer sentir as borboletas na barriga. Estás lá tu, para me fazer feliz. E por isso, às vezes penso que és um príncipe encantado, ou um feiticeiro ágil, e esqueço-me que te tratas apenas de um bailarino de cordas de guitarra. O meu bailarino pessoal. 
Sou tua, e sabes que o meu amor é teu, paixão. Mas depois de tudo, depois de voltares a partir, já depois de ter acabado o teu espectáculo, a seguir ao partir do meu coração, sei bem que estarás sempre lá, a dançar no meu interior, a beijar-me a pele e a enrolar-te nos meus cabelos.
E é nessa altura que eu sei que o teu amor também é meu.

(texto escrito quando eu estava completamente apaixonada por um rapaz que de mim queria apenas conforto. Enfim, esses tempos já passaram, mas gosto tanto deste texto, que resolvi publicá-lo. Peço desculpa por não publicar muito, estou a ver que o feed-back está a ser óptimo. Mas o tempo é pouco... Prometo que assim que tiver mais tempo vos conto as última novidades. Palavra de Ninna)

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